O que mantém um jogo vivo? Como garantir a fidelização da sua base de jogadores em um jogo online em constante balanceamento, mantendo sua relevância perante sua própria comunidade e à concorrência?
Sequências são algo comum em franquias de jogos, porém é bom notar que essa estratégia não é muito utilizada em jogos multiplayer online. Vários jogos assim recebem atualizações que adicionam novo frescor e conteúdo ao jogo. Overwatch parece ter escolhido o caminho mais tradicional, mas as coisas não são bem assim como aparentam.
Confirmando todos os vazamentos e rumores à cerca da sequência do shooter moba de maior sucesso dos últimos anos, dia 01 de Novembro Jeff Kaplan subiu no palco mítico da Blizzcon para anunciar (com várias piadinhas e “shades” sobre os vazamentos) que a Blizzard está desenvolvendo uma sequência de seu aclamado jogo de tiro em primeira pessoa. Overwatch 2 é real, e pudemos ter um ótimo vislumbre da estratégia adotada pela empresa para renovar seu jogo.
Com foco pesado em combate contra IA, o famigerado PvE, Overwatch 2 será calcado em missões cooperativas de até 4 jogadores que contarão a história da equipe tática após o chamado de Winston no curta Recall, com sistema de progressão individual por herói (que impactará apenas no PvE) e com missões repetíveis que podem ser jogadas com qualquer herói do vasto elenco já existente.
Overwatch 2 é exatamente o que comunidade pedia desde o lançamento do jogo original. O material extra game é sim fascinante, porém espaçados curtas de animação, alguns quadrinhos e livros de conto não satisfaziam plenamente todos os jogadores quanto à “lore” do jogo. Funcionou muito bem no começo, porém a sede de informação sobre o pano de fundo dos acontecimentos da equipe e seus inimigos sempre fazia com que Michael Chu, o roteirista da lore do jogo, tivesse que se manifestar sobre alguns aspectos específicos em redes sociais e fóruns. Com essa sequência, o fator “contar a história” será plenamente realizado, com promessas de atualizações e adições de mais missões ao longo do desenvolvimento pós lançamento.
Player versus Enviroment
O módulo PvE é claramente a cereja do bolo dessa nova versão. As missões de história são muito similares às missões PvE que já estamos acostumados no eventos especiais no jogo original, porém o refinamento agora é muito superior, afinal, não contará apenas um episódio solto no vasto contexto do jogo. Segundo Jeff Kaplan, toda missão de história terá uma cinemática de introdução e de encerramento. As interações entre os personagens será extremamente viva e mais trabalhada e finalmente pedaços da lore de vários personagens que nunca tiveram a atenção no jogo original serão finalmente contadas e trabalhadas (Zenyatta, estamos falando de você).
Assim como as missões dos eventos, haverá níveis de dificuldade diferentes com diferentes recompensas, como skins e itens exclusivos que só podem ser obtidas no PvE, fora a jogabilidade customizável com o novo sistema de talentos. Nas missões também serão adicionados itens extras que podem ser utilizados pelos jogadores a fim de cumprir a missão com maior facilidade. Esses itens são temporários apenas para as missões e possuem cooldown. Por exemplo há uma torreta de cura que restaura 1000 pontos de vida dos aliados em seu raio de ação, uma torreta automática (lembra muito a torre do Torbjörn) e uma barreira circular que freia os avanços e tiros inimigos. Jeff Kaplan disse que esses itens serão aleatórios até o lançamento do jogo, adicionando um toque de variedade nessas missões.
Os talentos agem como modificadores poderosos das habilidades básicas de cada herói. Ativos apenas no modo PvE, é possível por exemplo que Tracer recarregue suas pistolas automaticamente ao usar qualquer habilidade (e estamos falando aqui, da Tracer que possui cooldoowns curtíssimos no Blink) ou que sua Bomba Eletromagnética ao explodir, se encadeie para todos os inimigos próximos causando destruição massiva e limpando áreas inteiras, que creiam em mim, estarão cheias de bots sedentos de sangue. Os talentos são desbloqueados com base no nível do seu personagem. Esse nível é aprimorado jogando as missões da história ou farmando níveis nas missões de heróis.
As missões de heróis atuam como o “Jogo Rápido” do PvE. Comparado às aventuras de Diablo III, ao escolher qualquer herói do jogo e iniciar uma missão dessas, será exigido uma objetivo aleatório a ser cumprido. Dessa forma o fator replay nessas missões é bem elevado pois de certa maneira não força o jogador a repetir missões idênticas por uma eternidade para subir o nível de seu herói favorito.
Novidades para o PvP
Apesar do grande foco no PvE, o modo que consagrou Overwatch não ficou de fora, apesar das novidades serem bem mais tímidas do que nos anos anteriores.
A grande novidade fica por conta dos novos mapas e do novo modo de jogo, “Push”, Avanço em tradução livre. Haverá claramente novos mapas para o lançamento do jogo, sendo 4 deles já confirmados: Gotemburgo, Monte Carlo, Toronto e Rio de Janeiro.
O novo modo de jogo que inclusive entrará no competitivo e profissional consiste um um tipo de cabo de guerra disputado em um mapa simétrico onde os times disputam o controle de um robô que empurra um bloco para o lado da base inimiga. O conceito é simples e muito parecido com a mecânica de escolta, porém a velocidade da “carga” é idêntica para qualquer lado ao domínio da equipe controladora. No final da partida, a equipe que tiver entregado a carga na base inimiga ou a levado mais longe vence.
Heróis novos também foram “anunciados”. Isso porque na verdade nenhum herói novo foi apresentado como de costume, mas sim a promessa de que Overwatch 2 terá um pequeno elenco de novos heróis fresquinhos vindo todos de uma só vez, segundo o Jeff Kaplan, será um pequeno caos, da mesma forma quando anunciaram D.Va, Genji e Mei no mesmo pacote. Confirmados mesmo, apenas Sojourn (que já deu as caras na missão do evento Arquivos) e Echo, a ômnica do curta Reunion.
Essa abordagem de lançar conteúdo novo apenas no lançamento de Overwatch 2 deixou os jogadores atuais apreensivos, mas para acalmar os ânimos, foi revelado que pelo menos um herói será lançado para o jogo original antes do lançamento da sequência.
Por falar nisso, é bom salientar que tirando as novidades do 2 e esse anúncio de um novo herói vir antes do lançamento, aparentemente Overwatch original foi esquecido no churrasco. Não é exatamente o caso, mas é notável a ausência de anúncios de conteúdo para o jogo original. Já que a sequência não tem data para chegar e Kaplan disse que a equipe a partir de agora estará totalmente focada no desenvolvimento do 2, fica a sensação que não teremos muitas novidades em Overwatch por algum tempo.
Subvertendo o termo “Sequência”
Quando dissemos que Overwatch 2 é uma sequência mas depende, estamos nos focando nas declarações da empresa quanto à abordagem que será adotada.
Em jogos tradicionais, normalmente você inicia uma sequência de um jogo do zero, sem os itens e progresso que conquistou no jogo anterior. Em Overwatch 2 a proposta será exatamente vir na linha oposta. Todo progresso, skins, cosméticos, conquistas e itens obtidos no jogo original serão transferidos para a segunda versão assim que você logar com sua conta. Além disso, se você não quiser comprar a versão 2 do jogo, Overwatch original continuará recebendo todos os heróis, mapas e modos novos que forem introduzidos no segundo jogo. Isso porque outra novidade que foi dita é que se você escolher não atualizar seu jogo para a segunda versão, jogará o modo contra outros jogadores tanto do original quanto do 2 no mesmo servidor. Esse “crossplay entre versões” é algo que nunca tínhamos visto até então.
Essa mistura, sendo o PvP único para as duas versões facilita o trabalho de balanceamento e explica plenamente o silêncio em novidades imediatas para esse modo no Overwatch original. Todo ano era comum pelo menos o anúncio de um novo herói que inclusive entrava em modo de testes na manhã seguinte para todos os jogadores. Esse ano só pudemos nos contentar com promessas, e faz todo o sentido estratégico. Se o PvP será o mesmo em ambas as versões, não tem nem como anunciar mudanças drásticas agora, visto que isso será realmente efetivado perto ou no lançamento do segundo jogo. O 2 virá, como já dissemos, recheados de heróis novos exigindo balanceamento agressivo de todo o elenco já existente para se encaixar na nova realidade. Não dá pra cobrar novidades de algo que ainda nem tem data pra sair.
Essas declarações de que o modo jogador contra jogador será unificado causaram inúmeras dúvidas de todos que acompanharam as apresentações. Se os jogos vão se misturar, o que vai acabar acontecendo com o primeiro? Será um novo download a “full price” ou uma grande atualização para o original?
Essa segunda pergunta foi parcialmente respondida visto que foi revelado que eventualmente os clientes dos dois jogos serão um só em algum momento, o que caracteriza o formato de atualização. Porém foi dito que Overwatch 2 rodará em uma engine nova, ou pelo menos atualizada da antiga, o que caracteriza a necessidade de um download novo. Como essa impasse vai se resolver, só no lançamento para saber.
Esse motor novo inclusive, é uma das únicas justificativas plausíveis para esse número 2 na frente do nome do jogo. Claramente a Blizzard está pensando em manter seu jogo pronto para a próxima geração que está em vias de dar as caras aí no final de 2020. Segundo eles, o motor gráfico antigo não permitia muitas coisas que serão implementadas nesse jogo novo, o PvE de forma massiva como vimos é um dos exemplos. Além disso o motor novo permitiu que a equipe retrabalhasse os visuais clássicos do heróis, outro charme exclusivo para quem comprar Overwatch 2.
Apesar de não termos data de lançamento, algumas dicas dos próprios desenvolvedores e do momento atual no mundo do games indica que muito provavelmente Overwatch 2 deva dar as caras no máximo até o final do ano que vem. Como Overwatch original ficará em estado quase suspenso no quesito novidades, é imprescindível que o jogo novo saia o mais rápido possível. Jeff Kaplan disse que a equipe estará trabalhando arduamente na sequência e portanto não haverá contenda nova no evento de Arquivos em 2020, o que indica que muito provavelmente não teremos o jogo antes de Abril, período que o evento costuma acontecer. A nova geração de consoles e placas de vídeo estarão para ser anunciadas no final do ano que vem, segundo os especialista e próprias produtoras, o que indica que essa oportunidade não deve ser perdida pela empresa.
Além disso, a concorrência está bem disputada: A Riot anunciou inúmeros jogos baseados no universo de League of Legends, inclusive um shooter bem no estilo Overwatch de ser chamado preliminarmente de Project A. Ou a Blizzard se mexe ou a concorrência passa por cima.
Overwatch será lançado em um futuro próximo para PC, Nintendo Switch, Xbox One e Playstation 4.
Qual a sua opinião sobre isso?