Com os últimos acontecimentos sobre o processo trabalhista da Activion-Blizzard pelo estado da Califórnia, mais de 2000 funcionários e ex-funcionários assinaram uma carta aberta para a liderança da empresa e, além disso, dia 28/08/2021 os funcionários farão uma greve com sérias reivindicações sobre os seus direitos.
Esses fatos sozinhos já são extremamente desagradáveis, mas me fez pensar sobre o que acontece nos games e nos esports a muito tempo.
Lembro que em meados de 2006 ou 2007, quando eu ainda estudava engenharia da computação e minha esposa estudava psicologia, nós íamos em lan houses jogar Battlefield e CS. Sempre com amigos, e até hoje quando contamos que gostamos muito de jogar BF, as reações das pessoas são de espanto.
Dessa época até agora, algumas coisas mudaram. Tecnologia, novos jogos e o florescer dos esportes eletrônicos. Porém, a indústria de jogos eletrônicos sempre foi majoritariamente feita por e para homens. Isso me entristece, porque a identificação sempre é necessária para a imersão e para a diversão. Lembro do trailer de Battlefield 5, onde aparece uma mulher sniper. Muitos homens reclamaram que isso nunca poderia acontecer, mulheres não lutaram na segunda guerra. BULLSHIT, existiu pelo menos um esquadrão de snipers russo, integrado apenas por mulheres.
Mas voltando para a realidade. Minha esposa se formou psicóloga, e como o TCC foi justamente em videogames, ela quis seguir na área e trabalha com jogos. Mais especificamente com esporte eletrônico, quando a grande mídia nem sonhava em falar sobre isso. O que nos traz a 2015, ela trabalhou num famoso processo de peneira para novos jogadores de LoL. Foi sua primeira decepção, pois o “psicólogo” responsável na época não era nem formado em psicologia, subestimava a sua capacidade de trabalho.
Nós 2 queríamos mudar isso. Criamos o FdL como um meio de tentar melhorar o cenário. Sempre seguimos as premissas de tratar todas as pessoas iguais, independente de gênero, sexualidade ou qualquer outro fator que possa gerar algum preconceito.
Entramos em contato com vários times de esports, de lá pra cá apresentando sempre o trabalho dela como psicóloga, ouvindo coisas do tipo “não podemos contratar uma mulher, pois não daria certo na gaming house”.
Esse comportamento precisa terminar. Mulheres, pessoas trans, homossexuais precisam além de tudo ser respeitados, não só como pessoas, mas como profissionais. Infelizmente só vemos uma maneira de melhorar. E chama educação. PRECISAMOS ensinar os preconceituosos e todas as pessoas o respeito ao próximo.
O caso da Blizzard não foi o primeiro e não será o último que irá acontecer sobre sexismo e desrespeito. Mas nós acreditamos que com o tempo, educação e estudo essas situações diminuam até não ocorrerem mais.
Eu particularmente tento sempre explicar aos meus colegas, amigos e até pra mim mesmo, que algumas piadas, mesmo que a gente ache inofensiva machuca outras pessoas. Que aquele comentário desnecessário para diminuir outra pessoa não é bom. É um exercício diário e duro de se fazer. Mas precisamos. Temos essa obrigação para com as nossas colegas.


E você no que pode mudar hoje?
#ActiBlizzWalkout